28 outubro 2007

Théâtre du Soleil

Ñ Na memória o fragmento-instante que nos forçamos lembrar para nunca esquecer é base do espetáculo Les Éphemères que mostra de maneira belíssima e sutil passagens do cotidiano fazendo um convite intimista para participarmos de cada uma delas desfrutando dos seus diálogos, seus cheiros, suas cores e sentimentalidades. Logo na entrada, com olhar curioso e apreensivo, Ariane Mnouchkine recebe um a um que adentra a tenda.
A princípio, a duração da peça pode assustar: sete horas e meia de apresentação. O espetáculo consiste em duas partes de três horas. Quinze minutos de intervalo, após uma hora e meia de apresentação, e intervalo de uma hora entre a primeira e a segunda parte. Água e bolacha são servidos ao público por parte do elenco. No intervalo maior, se optasse por jantar ou degustar a sobremesa, também era o elenco quem servia.
Num desses intervalos, durante um bate-papo descontraído com a Tatí - e Lulu circulavam por lá também - eu disse que estava com a sensação que sairia daquela peça uma pessoa melhor. Criatividade versus simplicidade: uma das mais bonitas apresentações que assisti no teatro. A cada ato uma avalanche de sentimentos que atingia todos qualquer que fosse o lugar na platéia. A dedicação em cena realçava uma beleza ímpar e a cada ato o simples era traduzido em entrega e sensações únicas.

20 outubro 2007

Desabafo de uma sedentaria

Faço listas - já falei isso aqui. O fato é que quando chego no item caminhada/ corrida, pulo para o próximo da lista sem a menor cerimônia. E assim tem sido nos últimos meses...
Em São Paulo, aproveitei os dias cinzentos dessa última semana (tentação para dormir até mais tarde, curtir preguiça, etc.) vesti o tênis e fui caminhar! Sim, porque caso eu não assuma a preguiça os tais dias cinzentos me dão poucas possibilidades de usar desculpas manjadas, mas que ainda atingem bons resultados com a culpa, como está chovendo ou está-um-sol-escaldante-rio-quarenta-graus-na-sombra-e-sem-vento! Oito e pouco da manhã e lá vou eu caminhar no parque do bairro - que por sinal esta l-i-n-d-o!
Foi uma caminhada de quarenta ou cinqüenta minutos no máximo. Nos últimos passos eu já me arrastava em direção ao portão de saída do parque. Ofegante, pensei com meus botões: "o que foi isso?!". No outro dia acordei e repeti a dose; só de birra. E vai ser assim enquanto a minha mão não parar de formigar e minhas pernas não doerem tanto. Não, não... O tênis que eu uso é adequado e ainda faço um alongamento meia-boca antes de começar a caminhadela... A verdade é uma só: sedentarismo nível cinco. "Isso porque eu larguei a nicotina meses atrás..." - foi outro pensamento que dividi com meus botões.
Fui caminhar por causa do sedentarismo e descobri que ele existe. Que São Silvestre me ajude e dê forças para eu ser disciplinada e continuar "na caminhada" sem perder o ritmo. Um passo de cada vez. Um pé depois o outro.

19 outubro 2007

Momento Diário
Notas pra - sempre - lembrar
) Tatiane em contagem regressiva para chegada do seu (primeiro) filho: o Pedro. Visitá-la-ei na próxima semana sem falta.
) Ao longo do tumultuado dia, recebo a ligação da Iara - querida, parceria no japonês e no cabeleireiro.
) Faço planos para encontrar com Mariana Maricota. Faz muito tempo que não nos vemos e bateu saudade mútua... Tenho zilhões de fotos para ver e muito assunto pra prosear.
) Falo com Celso no MSN que me diz coisas que só ele consegue ver... Perceptível e sensível, com poucas palavras ele resgata quem eu sou (minha essência) e reafirma minha crença de que ele é um ser humano fantástico e iluminado. É sempre tão agradável...
) De um show com ingressos esgotados - ficamos na fila de espera, mas não rolou - fomos parar no tão aguardado japa da Maria. Comidinha boa! Hummm...
) Me desmancho de saudade do Diguinho.
) Quero estar na quadra - e com a Drica! Almoço com ela nos próximos dias e, quem sabe, já marcamos um (breve) domingo para irmos na Morada do Samba.
) Reunião de tias na minha casa remetem à infância. Falatório ensurdecedor. Sensação boa.

18 outubro 2007

Feriado em São Paulo
Uma caravana de carros deixa a cidade enquanto eu espero o ônibus. Demorou tanto que deu tempo de fazer amizade com um vizinho e falar um pouco (do muito) de nossas vidas, saca? Faculdade, lazer, trabalho, qual o seu nome?, fretado, chuva, trânsito, onde você mora?, restaurante, poluição, hoje também é o final da minha placa, rodízio!, rodízio, piadas, bares frequentados e... cadê o ônibus? Algum tempo depois estou sentada confortavelmente com dois queridos na mesa de um bar no centro da cidade e já esqueci o tempo que se deu na espera do ônibus e tudo o mais que estava latejando na cabeça... Satyrianas, papo na cozinha - e de mulher, mercadão, cerveja, youtube, burdog, samba, pastel de feira, fila, andar descompromissado por um dos vários bairros da cidade e o reencontro inesperado com um amigo que eu não via há mais de dez anos! Pra fechar com chave de ouro...

10 outubro 2007

09 outubro 2007

Assisti In Her Shoes. Ao mesmo tempo que é um filme sessão da tarde ou para assistir em DVD, também surpreende pelos detalhes. Me emocionei em várias cenas - o que não é parâmetro para meu momento atual. Fica a dica e o poema com o qual a personagem disléxica, interpretada pela Cameron Diaz, arranca minhas lágrimas.
One Art
Elizabeth Bishop
The art of losing isn’t hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn’t hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother’s watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn’t hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn’t a disaster.
— Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan’t have lied. It’s evident
the art of losing’s not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.


ïtraduçãoð

08 outubro 2007

Cartas que eu não mando

DE: Metade de Mim
PARA: A outra metade
São Paulo, 08 de outubro de 2007.
Ei... Começo dizendo que sinto (muito) sua falta. É doída tua ausência e essa distância - quase um abismo... Continuo exagerada, percebeste? Amizade "um pra um" é coisa rara. Sem trocadilhos, sinto falta de suas partes (por inteiro). Boca, ouvido, coração. Do aconchego, do teu sorriso e do nosso silêncio. Tenho medo de enlouquecer.
Sei que o rompimento foi por um propósito maior e tenho certeza que daqui algum tempo estaremos em sintonia novamente (a gente nunca perdeu a sintonia é a freqüência que varia, né?). Do meu medo de enlouquecer, é isso... Nem todos os dias acordo com os mais sublimes sentimentos. Sinto medos que classifico como teatrais, pois vão da comédia ao drama num único ato. Os meus atos, eu tenho medo deles.
Queria ser mais leve, mais simples e, principalmente, mais prática. Às vezes questiono o preço que se paga (ou seria a forma de pagamento escolhida?) pela mudança de postura - o valor pago da terapia eu já parei de calcular faz um bom tempo! Eu sei que você vai querer puxar minha orelha, mas tem horas que eu penso se não seria menos doloroso apenas concordar e aceitar as condições pré-estabelecidas ao invés de buscar o novo que eu nem sei o que é! Cadê você agora pra recordar quem sou eu? Colocar meus pés no chão e minha cabeça no teu colo? Tenho medo de esquecer quem sou.
De parceira, a melhor que fiz nos últimos tempos foi com um par de fone de ouvido. Me divirto muito com eles seja no metrô ou em casa - rola química e a gente se dá super bem. O problema está mesmo no convívio com os seres da mesma espécie: a humana. Quanto mais eu me conheço - ou quero acreditar nisso - na mesma proporção é a estranheza dos que estão próximos. Eu não os culpo de maneira alguma até porque acredito que se eu estivessse no lugar deles também estranharia muitas das recentes atitudes. Por enquanto, me viro como dá. Não é o melhor, mas é um caminho. Erro mais do que acerto e me cobro mais do que deveria. Será que minhas escolhas são boas?
É tudo muito 8 ou 800 e eu quero 396 ou algo em torno disso. No olho do furacão, eu sinto que estou perto e é só questão de (breve) tempo, gentileza, gesto e amor... Comigo e com todo o resto. Um dia depois do outro e mais um punhado de metáforas para ir vivendo não de qualquer jeito, mas do jeito que eu quero. Tá vendo como ando maluca? Essa frase não encaixa em n-a-d-a com o que eu disse nos parágrafos acima. Tenho medo que se dissolva no tempo o melhor que existe em mim.
Um segredo? Te espero todos os dias. Sinto falta de olhos que brilham, sorriso espontâneo e frases sinceras sendo elas cortantes ou não. Das certezas que tenho, guardo uma a uma para saborear com você. Não se atrase, não tropece. Não me sinta distante porque eu nunca te deixei. Lembra do nosso pacto? Sentir mais, pensar menos... Cansei de brincar na gangorra, agora eu tô a fim de caminhar e só enxergo uma pessoa para estar ao meu lado nesse passeio: você.
Não me perca de vista.
E mande notícias.

O pensamento não caracter

Escrevi.
Apaguei.
Refiz - não gostei.
Apaguei novamente.
Desloquei a linha do raciocínio inicial.
Parei em outras idéias: absurdas e árduas.
- Desliga essa máquina e vai dormir que teu mal é sono.

05 outubro 2007

De Passagem