28 outubro 2007

Théâtre du Soleil

Ñ Na memória o fragmento-instante que nos forçamos lembrar para nunca esquecer é base do espetáculo Les Éphemères que mostra de maneira belíssima e sutil passagens do cotidiano fazendo um convite intimista para participarmos de cada uma delas desfrutando dos seus diálogos, seus cheiros, suas cores e sentimentalidades. Logo na entrada, com olhar curioso e apreensivo, Ariane Mnouchkine recebe um a um que adentra a tenda.
A princípio, a duração da peça pode assustar: sete horas e meia de apresentação. O espetáculo consiste em duas partes de três horas. Quinze minutos de intervalo, após uma hora e meia de apresentação, e intervalo de uma hora entre a primeira e a segunda parte. Água e bolacha são servidos ao público por parte do elenco. No intervalo maior, se optasse por jantar ou degustar a sobremesa, também era o elenco quem servia.
Num desses intervalos, durante um bate-papo descontraído com a Tatí - e Lulu circulavam por lá também - eu disse que estava com a sensação que sairia daquela peça uma pessoa melhor. Criatividade versus simplicidade: uma das mais bonitas apresentações que assisti no teatro. A cada ato uma avalanche de sentimentos que atingia todos qualquer que fosse o lugar na platéia. A dedicação em cena realçava uma beleza ímpar e a cada ato o simples era traduzido em entrega e sensações únicas.