26 agosto 2009

Como reconhecer uma sexta-feira 13 mesmo sendo terça-feira 25

Levanto cedo depois de dormir tarde da noite. É que perdi meu cartão de crédito e fiquei algum tempo no telefone para cancelar e tal. Lá fora está um céu cinza preguiçoso e uma garoa tipicamente paulista. De jejum, vou fazer o exame de sangue que o médico pediu na consulta da semana passada.
Em menos de dez minutos chego ao laboratório e, após esperar mais de trinta, a recepcionista diz que "o laboratório não aceita o meu convênio". Estranho, mas não questiono. Afinal, liguei na central de atendimento e peguei todas as informações - que não estavam comigo naquele momento, claro! Saio do laboratório, pago o estacionamento e me dirigo a outro laboratório próximo dali. Dessa vez, pergunto se o meu plano de saúde é aceito, antes mesmo de estacionar e, com um sorriso simpático, a atendente confirma: sim, é aceito!
Meia hora depois, a minha senha pisca no painel que emite um apito sonoro e indica a mesa na qual serei atendida. A atendente não compreende a letra que está na receita e, pede educadamente para que na próxima consulta, caso o médico peça novos exames, eu diga à ele para que escreva legivelmente por gentileza Dizer? Eu? Como assim?
Ela passa o fax da receita para a central do laboratório. Logo em seguida liga para confirmar o recebimento. É transferida para três setores diferentes, até que a médica responsável pelo laboratório a atende e diz a palavra ilegível: dehidroepiandrosterona. Termina meu atendimento e, alguns minutos depois, sou direcionada para a fila de coleta. Saio do laboratório uma hora e quarenta minutos depois com três band-aid's - carinhosa recordação das tentativas (e erros) de localização da veia.
Pago o (outro) estacionamento. Há um trânsito caótico nas ruas ao redor e a garoa agora já é chuva fina. Aviso no trabalho que irei me atrasar e chegarei depois do almoço. Vou para casa com o intuito de almoçar com minha mãe, que para minha surpresa não está. Sem minha mãe - e sem almoço - preparo um d-e-l-i-c-i-o-s-o Miojo que em 3 minutos está pronto. Encafifada com a recusa do meu plano, ligo na central do laboratório que negou minha consulta e, do lado de lá da linha, a atendente confirma: sim, nós aceitamos o seu plano! Após quinze minutos de reclamação indignada, saboreio o tal Miojo - um pouco frio a essa altura. Logo em seguida, escovo os dentes e em menos de quarenta minutos já estou no caminho do trabalho.
No trajeto, tomo duas fechadas cinematográficas. Chego na empresa, passo o crachá e ao chegar na minha mesa vejo alguns (vários) post-it's colados no monitor... Além das muitas ligações para retornar, prazos são cobrados - e eu não os tenho, o cliente quer marcar uma reunião até o final do dia sobre aquele projeto pra ontem... Ligo o computador e um alerta do Lotus Notes diz que tenho consulta às 19:00hs com a dermatologista. Ligo no consultório para confirmar e a secretária diz que, na verdade, meu horário é 17:30hs.
Consigo agendar a reunião para amanhã no primeiro horário, mas não consigo fazer nem metade do que é preciso. Quase 17:00hs e uma "reunião intimista" se materializa na minha mesa com o assunto do dia seguinte. Depois de quase vinte minutos, digo que tenho um compromisso, me despeço e vou. Pouco tempo depois chego ao consultório e a secretária jura de pés juntos que disse 17:00hs e não 17:30hs. Como não consegui encaixe, minha próximo consulta somente dia 08/09. Vejo em minha agenda o próximo compromisso: corte de cabelo às 18:30hs.
Nesse momento, já sob influência dos acontecimentos surreais do dia, tenho dúvida se quero realmente cortar o cabelo... Sei lá, vai que sai um corte errado... um lado menor que o outro ou então uma franja!?!?!? Brigo com minhas caraminholas e lá fico. Pacientemente espero e depois de ler um Contigo, duas Caras e folhear a revista da AVON de trás-pra-frente-e-vice-versa, enfim chegou minha vez. É verdade! Esqueci de mencionar o horário: quase 19:15hs.
Desejo ficar em silêncio, mordendo o cantinho da boca e cantarolando alguma canção de amor no pensamento. Sei lá, palavra é energia e como o dia de hoje teve um ritmo estranho e incomum, melhor evitar... Tá! Pra ser sincera, nessa altura, meu mau humor estava se manifestando involuntária e espontaneamente... Estava com medo de mim. Sai do lavatório e assim que a cabeleireira dividiu a madeira no meio, antes de dar a primeira tesourada, ela começou a contar um problema tragicômico familiar que, para o momento, era totalmente dispensável. Eu disse no máximo duas ou três palavras. Decidi colocar em prática o ato de abstrair escutar...
Antes de voltar pra casa, paro numa padaria chiquetérrima que abriu aqui no bairro e compro uma tortinha de limão para adoçar o dia que há de vir - porque o de hoje não tem mais jeito! No conforto do meu lar, tiro os sapatos enquanto atualizo as novidades com Diva... Preparo o jantar e, de frente para a TV, vejo a notícia de que Belchior desapareceu! Com medo que as catástrofes pessoais se tornarem mundiais - sensação real de Amelie Poulain na cena em que ela acredita causar acidentes com sua máquina fotográfica - decido ir dormir.
Para registrar: sabe aquele cartão de crédito que eu cancelei ontem? Pois bem, na sala de espera do consultório da dermatologista, mexendo em minha bolsa enquanto aguardava um possível encaixe em sua agenda (o que não aconteceu!!!!), eu o encontrei! Onde? Numa das centenas de divisões existentes nas típicas bolsas femininas.
E que venha 26, são cinco dias para o fim do mês.... de agosto!!! O mês do desgosto... Será isso?! Vou refletir um pouco e já volto.