04 novembro 2009

Julia Oli

Em 23/07/2007, lendo o livro AntiMonotonia, guardei no rascunho desse blog, um poema com a seguinte observação "Li e lembrei de você - que adora Agenor Miranda de Araújo Neto". Hoje, dois anos depois, publico o poema com um objetivo: nos aproximar. Tenho muita saudade do que somos quando estamos juntas. Teu livro preferido, guardo comigo. Nossos melhores momentos estão em arquivo digital. Eu mudei tanto e ainda assim continuo "doce e confusa". Tenho medo que não me reconheça, que não me entenda. Medo que você esqueça o quanto a gente batalhou pra ser assim: felizes na nossa imperfeição. Tenho saudade do teu riso, nunca das tuas mancadas. Quero te conhecer mãe e acompanhar o crescimento do teu filho, como um dia planejamos ao som do Kati´s Collection... Telma e Louise. Não quero acompanhamento por foto, onde hoje vejo que adotou de uma vez os cabelos lisos. Quero cheiro, toque, memória recente. Quero te mostrar um novo som, te mostrar como Moveis Coloniais de Acajú despontou. Quero saber tuas histórias e descobertas, saber dos backyardigans e qual o tamanho que teu filho veste, pois as roupas que guardo aqui em casa de certo não lhe cabem mais. Mostrar meu cansaço, meu crescimento e pedir arrego na insegurança do saber amar. Quero continuidade. Não se perca por aí. Me ache quando puder. Te amo. Sua sempre Amelie
Querido Diário [Tópicos para uma semana utópica]
Cazuza - 1978

Segunda-feira:
Criar a partir do feio
Enfeitar o feio
Até o feio seduzir o belo
Terça-feira:
Evitar mentiras meigas
Enfrentar taras obscuras
Amar de pau duro
Quarta-feira:
Magia acima de tudo
Drogas barbitúricos
I Ching
Seitas macabras
O irracional como aceitação do universo
Quinta-feira:
Olhar o mundo
Com a coragem do cego
Ler da tua boca as palavras
Com a atenção do surdo
Falar com os olhos e as mãos
Como fazem os mudos
Sexta-feira:
Assunto de família:
Melhor fazer as malas
E procurar uma nova
(Só as mães são felizes)
Sábado:
Não adianta desperdiçar sofrimento
Por quem não merece
É como escrever poemas no papel higiênico
E limpar o cu
Com os sentimentos mais nobres
Domingo:
Não pisar em falso
Nem nos formigueiros de domingo
Amar ensina a não ser só
Só fogos de São João no céu sem lua
Mas reparar e não pisar em falso
Nem nas moitas do metrô nos muros
E esquinas sacanas comendo a rua
Porque amar ensina a ser só
Lamente longe, por favor
Chore sem fazer barulho