26 fevereiro 2007

Não me diga que é utopia

Outro dia, cruzamento da Avenida Nove de Julho com Alameda Lorena. Uma caminhonete luxuosa pára distante da faixa de pedestre. Olho para os lados e vejo um garoto de no máximo sete anos que fazia malabares. Encaixei meu carro entre o vão da caminhonete e dos demais enquanto aguardava o semáforo verde e ali fiquei. O menino se posicionou na frente do meu carro, mexeu os pauzinhos e veio pedir um trocado - se ao menos ele soubesse como está minha conta nos últimos dias... Disse que não tinha, pediu bala e eu também não tinha e nisso percebo a tal luxuosa caminhonete se aproximando da faixa de pedestre, parando ao lado do meu carro. Me dei conta da loucura daquela situação: quem dirigia aquele carro estava apavorado, com medo daquela criança e foi relaxando pelo fato do menino ficar ali no vidro conversando comigo e eu, infelizmente, negando todos os seus pedidos. Sensação de tristeza. Lembrei do documentário Crianças Invisíveis, depois lembrei das crianças que conheci na Bahia e esse misto de sensações reafirmou a vontade de ter ou fazer parte de um projeto social e não só preparar sacolinha e vestir crianças no final do ano. Dá pra entender?