29 novembro 2006

Com olhos de ver

criam
imagens
e fantasias
sobre o outro
sobre

(todo)
o mundo
é perigoso
que se fique
nessa redoma
onde

o vidro é fosco
embaralha visão
distorce realidade
e

se um dia
com olhos
de devaneios
da redoma
resolver sair?
tenho pena, tenho dó
não enxergará

o amor
é utópico e

incompatível dirá
como intocável

classificará
de tão perto

que está
o medo fará

sair em busca
de algo menor
mais frágil
menos trabalhoso
- mesmo que fútil -
do que

sua mente criou
enquanto

na redoma ficou
assim,

se sentirá melhor
menos só
e superior ao dom
do sentir

amor
querer bem
tenho pena, tenho dó
mas
se da redoma sair
e conseguir

enxergar
o brilho nos olhos
e a química
que não há como negar ?
momentos vivenciar

sem tempo
nem pressa
só com vontade
instintiva
se entregar

e experimentar
o toque na pele
cheiro e gosto

e ao (des)conhecido

se revelar
tenho pena, tenho dó
de que nunca

experimentar
sair da redoma
e querer enxergar