19 fevereiro 2006

Masaharu Taniguchi

"Ando irreversivelmente pensativa. Não é tristeza, não é depressão. Só uma necessidade estranha de ficar quieta e observar. Será que isso é um contato com o Eu Interior? Pode ser. E, se for, até que é bom, porque às vezes o meu Eu Exterior (e o dos outros) me enche o saco." Essas palavras não são minhas, mas definem perfeitamente como me sinto hoje. Foram retiradas da crônica Supermercado da Ailin Aleixo; que por sinal escreve deliciosamente bem.
Dizer palavras - como mantra - repetidas vezes durante anos de sua vida e não vivenciar é (muito) comum, assim como seguir uma doutrina e não aplicar o que ela propõe. Não assimilação ou fuga? Talvez facilite acreditar que o problema está no outro - num mundo, que não é o seu - porque assim não temos que olhar para o nosso umbigo e deparar com o lado cinza. Algumas pessoas são tão fechadas em seus mundinhos mesquinhos que não enxergam que vivem uma ficção onde tudo é perfeição. Dizer eu te aceito não sentindo é o mesmo que nada. Assim como dizer eu te perdôo. Ao dizer, a sensação de sou boa pessoa se faz presente, mas a viseira continua na cara. Ciclo vicioso onde poucos têm coragem de sair fora para enxergar. Instinto de defesa aguça extremos da sentimentalidade. Um ser de fala mansa pode estar cheio de ódio. E assim, vamos nos revelando...