01 novembro 2005

Baseado em Fatos Reais

Cena clichê de filme americano: novo morador muda-se para o bairro e a vizinhança leva bolo - na maioria das vezes torta de maça - para se apresentar e dar boas-vindas. Sábado rolou uma adaptação brasileira e fui coadjuvante. Apartamento ao lado com festinha e som no último volume. Cismou que tinha que levar um mimo para os vizinhos. Dizia que as meninas que dividem aquele apartamento são legais - diferente da que mora no andar de cima que é uma chata, fofoqueira e sisuda - opinião (quase) unânime entre os condôminos. Bons amigos tinham acabado de deixar seu apartamento; ela e o ele serviram um delicioso almoço, sobremesa e café. Sim, eles são ótimos anfitriões. Eu não conseguia compreender tamanha animação. Não tão animados quanto ela fizemos um acordo: tocamos a campainha e entregamos o mimo, porém nada de entrar no apartamento. Combinado? Tá bom - ela falou. E lá fomos nós com uma bandeja cheia de pães italiano fatiados em rodelas e um pote de sardela. Tocamos a campainha e quando percebi já estávamos na festa. Surreal. Ora ou outra eu via flashes. Parecíamos celebridades ou E.T's. Ela já foi pegando uma cerveja. Ele não largou o chimarrão. Eu meio deslocada e não acreditando naquilo tudo; lembro que falei: "A gente sempre acredita na Tatí. A gente não aprende mesmo, né?". E ele concordava balançando a cabeça. Entre azulejos de cerejinhas e armário vermelho; a galera pedia a receita da sardela. Um carinha tirava foto do Fê ao mesmo tempo em que o Fê tirava foto do carinha. Deu pra entender? Pois é, loucura total. Voltando para o apartamento a reação dos três foi a mesma: curvar-se de tanto rir. Um olhava para cara do outro e a gente se perguntava: "Meu, o que é que foi aquilo?". Finalizamos o sábado no sarau como combinado - que foi bem legal. Com eles é assim: sem rotina e com surpresa.