16 outubro 2005

B O F F A

Nos divertimos muito quando estudamos na faculdade. Ele era o amigo de todos. Até hoje, não tem quem não pergunte dele. Sinônimo de alegria e bom astral. No meio de tantas bobagens - onde para ele quase tudo tem duplo sentido - e suas sacadinhas geniais ele sempre arrumava um tempinho para mim; nem que fosse para almoçar no boteco do posto de gasolina.
A gente sempre teve afinidade. E - apesar de muitos não acreditarem - conversávamos sério. Sobre família, dilemas, conflitos ou até mesmo coisas banais do cotidiano. Juntos seguramos barras e dividimos segredos. Havia entre nós uma (cômica) cumplicidade.
Mas ele é assim: insiste em sumir. E eu fico louca de saudade desse galego. Jurei não mais ligar. Quebrei a jura semanas atrás - junto com a Tatí - deixando um recadinho na caixa postal do celular que apesar de ter sua voz na gravação não mais o pertence. Segundo ele, o celular estava no bolso da calça e foi para máquina de lavar. Não funciona, mas cheira amaciante até hoje.
Uma das últimas vezes que o vi - leia alguns anos - ele apareceu em casa de surpresa. Eu amei! O que não foi diferente do que aconteceu sexta-feira quando meu celular tocou e do lado de lá uma voz familiar perguntava: "E aê, onde é a balada hoje!". Fiquei eufórica e feliz com tudo o que ele contava. Conversamos durante horas no telefone. Combinamos de nos encontrar logo, logo. E ele fez diferença no meu (fim de) dia.
Ah, o que permanece entre a gente?
A cumplicidade, com certeza.
Ele não vai ler essa publicação. Tem aversão a tecnologia. Não tem e-mail. Não sabe o que é ORKUT - nem faz questão - muito menos do que se trata um BLOG. Diz ter saudades de quando a gente se reunia em casa e comia pizza com a mão, sentados no chão da sala - ainda sem mobília - tomando cerveja. Eu também. Na verdade, acho que todos nós temos... Êêê nostalgia!