27 setembro 2005

Crônica - Eyes of the tiger*

Seu mundo é hi-tech. Tudo o que é de última geração lhe atrai. E ele consome tudo o quanto pode e um pouco mais. Seu expediente sempre ultrapassa oito horas diárias - isso quando não trabalha nos finais de semana. Sua cadeira parece confortável e sua mesa de trabalho é enorme - possui até um triturador de papel; daqueles que se vê em filme americano. Tem vaga garantida na empresa onde trabalha para o seu carro - importado, claro! Demonstra ambição. Não que isso seja ruim, porém algo me diz que lhe falta prazer na vida. No viver. É como se a competitividade fosse sua única motivação. Nada mais consigo imaginar. Pessoa de poucos amigos e de agenda apertada. É separado e não tem filhos. Ao menos uma vez por ano é internado com crise de gastrite ou qualquer coisa parecida. Pouco visita os pais que moram no interior de São Paulo. Com os irmãos, mantém maior - e raro - contato por telefone. O que será que sente ao chegar em casa? Vazio? Talvez não. A satisfação de maiores - e melhores - metas alcançadas e produtividade confirmada o conforte. Dentro do seu terno alinhado e sua postura firme; será que é essa pessoa que ele desejou ser quando crescesse? Está aí uma pergunta que eu gostaria de fazer - nem que fosse num encontro rápido no elevador.
*Titulo dedicado ao R.O.D.
Amigo - que por vezes tem crises de ciúme que eu adoro - crítico, e frequentador assíduo deste blog