09 junho 2005

Hermano

Poderia ser comum, mas a gente se conheceu de uma maneira diferente. Estudamos juntos na faculdade mas fomos conversar somente no último ano. Ele era chato demais. Tá bom, ele diz o mesmo de mim. Um trabalho para conclusão de curso. Uma discussão entre os integrantes. Pronto:ficamos amigos.

Ele é assim: uma pessoa que não economiza sorriso. Tem um sorriso lindo. Largo. Sempre disposto a ouvir. Qualquer comentário é assunto. Qualquer assunto é motivo. E assim, a gente fica conversando durante horas na companhia de café e cigarrilhas.

Sempre disposto a entender minhas neuras e mais: se interessa por elas. Às vezes, ele as analisa muito. Minuciosamente. Daí, eu não gosto. E zango. E ele adora. Pessoa de voz postada e marcante. Adora guitarras e cordas. O Poderoso Chefão. Madrugadas e sinuca. É meio de esquerda. Mora na Zona Sul. Mas sempre está pronto caso precise atravessar o rio Tiete. Curte bingada-família da Zona Norte. É parte integrante da família. Tem a melhor - e mais alta - gargalhada. Adora imitar minha maneira de falar. Meu sotaque. Minha voz nasalada. Minhas entonações. Meus adoros.

Admiro sua dedicação e disciplina. Chega a ser metódico. Tem rotina e manias. Traça metas. Têm objetivos. Alguns a longo prazo, já outros ele aderiu ao "vai ser feliz" e descomplica.

Ama coca-cola e banconzitos também - os falsificados, principalmente. Quando o pãozinho acaba, ele com sua meninice, enche o saquinho como se ainda restassem alguns enganando todo mundo. E eu, adoro!

Já se passaram carnavais, reveillons, aniversários, dias incomuns, tristes e de extrema felicidade também. E a gente continua dividindo coisas, construindo a nossa amizade. Sobre ele: tenho a sensação de que nunca vou conhecê-lo num todo. Sempre teremos algo à descobrir juntos. E eu gosto disso.