10 junho 2005

Happy Hour. Happy End.

Picos de irritação, dor de cabeça e impaciência foram desvendados. Motivo: T.P.M. Durante o dia, muito trabalho. A tarde uma ligação. Convite para uma cervejinha - aceitei no ato. E no final do dia lá estávamos nós, juntas. Ela, uma legítima freqüentadora de botecos. Ao chegar, o garçom - com ar de intimidade - solta um sonoro "Nossa, você sumiu!". Eu já me divirto ali.
Escolhemos a mesa. Pedimos a primeira das seis Bohemia que viriam. Uma porção de polenta frita e dá-lhe assunto. Momento infeliz foi quando educadamente ela pediu o isqueiro para um senhor da mesa ao lado sem saber que ali começava uma chateação. Conversávamos animadamente. Assuntos diversos. De surto de sarna a livro de receita. Passando por paredes e cores, ensaio de fotos para o painel, fuxico, roupas, sarau e sinteco. E, de assunto em assunto, éramos interrompidas pelo senhor da mesa ao lado - que se apresentou ao léu, e num balbuciar, como "alguma coisa da PUC de Campinas". Após algum tempo e muitas interrupções; ele foi embora. Não antes sem se despedir. Com direito a aperto de mão.

Entre uma conversa e outra, tentávamos recordar músicas e nomes. Orlando Moraes - Lado a Lado. Refletimos sobre coisas que vivenciamos. Algumas conclusões. Amadurecemos sim, e estamos em paz - ou pelo menos no caminho. Às vezes confusas, loucas e um pouco neuróticas - admito. Mas a gente sempre tenta melhorar. Buscamos. E nos sentimos (muito) bem quando podemos ser a gente. Hoje, ela tem alguém que lhe completa. E ela se sente assim: preenchida. E quantas mudanças a gente pontua, juntas. Ela me explica que Drão, do Gil foi feita para a primeira mulher dele. Eu conto que já havia procurado a palavra Drão no dicionário em busca de um significado. Eu explico como encontro coisas na Internet que ela não consegue entender como eu acho. Conto meu encantamento pelo quarteto La Otra. Ela com as unhas um pouco sujas de limpar a janela, gesticula. Deve usar "uma luvas" da próxima vez. Um sábio conselho.

E o cara que leva o som no boteco toca a música que ela canta quando não pensa em nada. Ele oferece uma música pra gente. E a gente não entende se foi pra gente. E rimos. Pedimos Odara e ele cantou. Quando ele parou, no rádio tocou Avião. E a gente também cantou.

Fechamos a conta. E subimos a Vergueiro. No mesmo pique e entusiasmo do bar. Dessa vez o assunto era toalha_verde_e_bordada para o banheiro. No caminho tinha "uns mano". Chegamos ao estacionamento - que estava fechado com portão e cadeado. Depois de aberto o portão - pelo simpático gerente - dirigi rumo a Paulista, onde logo chegamos a Brigadeiro. Ela desceu. Nos despedimos.

E assim, voltei pra casa: cantarolando Belchior.

"Ainda somos os mesmo e vivemos como Belchior"
Fraude - Língua de Trapo